A capital paraense, Belém, recentemente escolhida para sediar a COP-30 em 2025, enfrenta uma série de desafios urbanos que lançam dúvidas sobre sua capacidade de receber o evento internacional. Reportagem da Folha de São Paulo destaca os principais problemas estruturais que a cidade enfrenta, incluindo deficiências críticas no saneamento básico, crise na coleta de lixo e ocupação desordenada, especialmente nas áreas periféricas.
Saneamento Básico Deficiente
Dados do Instituto Trata Brasil e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelam que cerca de 80% da população de Belém não tem acesso à rede de esgoto, um dos piores índices entre as capitais brasileiras. Embora a cobertura de abastecimento de água tenha melhorado significativamente, de 70,3% para 95,5% nos últimos cinco anos, o tratamento de esgoto continua estagnado, com apenas 2,38% da população tendo acesso a algum tipo de tratamento.
Crise na Coleta de Lixo
A cidade também enfrenta uma crise na gestão de resíduos sólidos. Aproximadamente 12% da população não recebe coleta regular de lixo, contribuindo para o acúmulo de resíduos em diversos bairros. A mudança na destinação final do lixo, de um lixão em Ananindeua para um aterro em Marituba, não solucionou os problemas relacionados à coleta e ao descarte. Com uma produção de lixo per capita superior à média nacional e índices de recuperação de recicláveis insatisfatórios, Belém continua vulnerável a problemas ambientais e de saúde pública.
Ocupação Desordenada
A situação é ainda mais grave nas áreas de ocupação desordenada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 55,5% dos domicílios em Belém estão situados em favelas, o maior percentual entre as capitais brasileiras. Nessas áreas, os moradores frequentemente enfrentam a falta de serviços urbanos básicos, como água encanada e energia elétrica regular. A ocupação do Tucunduba exemplifica a precariedade das condições, com casas de madeira sobre palafitas, ruas sem asfalto e frequentes enchentes, exacerbadas pela falta de saneamento.
Desafios e Propostas Eleitorais
Com a COP30 se aproximando, a cidade precisa urgentemente enfrentar esses desafios para receber dignamente líderes globais e discutir soluções para as mudanças climáticas. Os candidatos à prefeitura de Belém estão apresentando propostas variadas para enfrentar os problemas estruturais da cidade.
O atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), que busca a reeleição, prometeu concluir obras de macrodrenagem e expandir a coleta seletiva e os ecopontos. Seu principal adversário, o deputado estadual Igor Normando (MDB), propõe ações emergenciais e parcerias para o desenvolvimento de novas tecnologias de saneamento. Outros candidatos, como o deputado federal Éder Mauro (PL), ainda não detalharam suas propostas específicas.
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