Dengue volta a ameaçar 2026 com risco de nova epidemia no Brasil - Estado do Pará Online

Dengue volta a ameaçar 2026 com risco de nova epidemia no Brasil

Projeções nacionais indicam milhões de infecções no próximo ciclo e acendem alerta para regiões que nunca enfrentaram a doença em larga escala

O mapa da dengue no Brasil deve ganhar novos contornos em 2026. Projeções nacionais apontam que o país pode enfrentar até 1,8 milhão de casos prováveis, número suficiente para caracterizar um novo cenário epidêmico, embora abaixo do recorde histórico recente.

A estimativa, feita pela InfoDengue–Mosqlimate Dengue Challenge, foi construída a partir de modelos que analisam clima, circulação viral e comportamento epidemiológico, considerando o período entre outubro de 2025 e setembro de 2026. O resultado indica que o país seguirá convivendo com a dengue como um problema estrutural de saúde pública.

Mesmo sem repetir os extremos de 2024, quando o Brasil ultrapassou 6,5 milhões de registros e mais de 6 mil mortes, o próximo ciclo tende a se manter em patamar elevado, semelhante ao observado em 2025, ano que já acumulou mais de 1,6 milhão de infecções.

A projeção mostra que São Paulo deve concentrar mais da metade dos casos previstos, reforçando o peso do Sudeste no avanço da doença. Ainda assim, o risco não se limita aos grandes centros.

Estados de todas as regiões do país aparecem com probabilidade de atingir índices considerados epidêmicos, acima de 300 casos por 100 mil habitantes, segundo critérios internacionais. Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul entram no radar com diferentes níveis de exposição.

O comportamento esperado não é homogêneo. Enquanto algumas unidades federativas devem apresentar redução em relação a 2025, outras surgem com tendência de crescimento, revelando uma redistribuição territorial da dengue no país.

Um dos pontos que mais chama atenção é a expansão da doença para áreas menos acostumadas a grandes surtos. Municípios de médio e pequeno porte passam a integrar o circuito de transmissão, ampliando o desafio para redes locais de saúde.

Outro fator de risco mapeado é a possível retomada do sorotipo 3 da dengue, que circulou pouco nas últimas décadas. A baixa exposição da população a esse tipo específico do vírus pode favorecer novas cadeias de transmissão.

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue possui quatro sorotipos diferentes. A infecção por um deles não impede novos episódios causados pelos outros, o que contribui para a recorrência da doença ao longo dos anos.

Vacina entra no cenário, mas não resolve sozinha

O enfrentamento à dengue em 2026 contará com um novo elemento. A vacina Butantan-DV, de dose única, teve o registro aprovado pela Anvisa e começa a ser incorporada de forma gradual ao sistema público.

As primeiras 1,3 milhão de doses devem ser destinadas a profissionais da atenção primária, com previsão de ampliação progressiva para outras faixas etárias no SUS.

Mesmo assim, o controle da doença segue dependente de medidas preventivas contínuas, já que o mosquito transmissor também é responsável pela chikungunya e pelo zika vírus.

Quando procurar atendimento

Casos de febre alta súbita, associados a sintomas como dores no corpo, dor de cabeça, cansaço intenso ou dor atrás dos olhos, exigem avaliação médica.

Embora a maioria evolua bem, a dengue pode apresentar formas graves, com sinais de alerta como dor abdominal persistente, vômitos frequentes, sangramentos e queda de pressão. Não há tratamento específico, e repouso e hidratação seguem como base do cuidado.

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