As declarações do senador Sérgio Moro sobre sua saída do governo Jair Bolsonaro reafirmam que o rompimento ocorreu por tentativa de interferência política na Polícia Federal para barrar investigações envolvendo familiares do então presidente. O conteúdo foi publicado por uma página nas redes sociais voltada a conteúdo político. A narrativa contrasta com elogios feitos pelo próprio Bolsonaro em 2022, quando exaltou Moro e a Operação Lava Jato, mesmo após a ruptura política e institucional entre os dois.
Sérgio Moro afirmou que deixou o governo em 2020 por não aceitar interferências de Jair Bolsonaro na Polícia Federal para barrar investigações contra familiares. A fala voltada a conteúdo político, contrasta com elogios feitos por Bolsonaro em 2022 à Lava Jato e ao ex-ministro. pic.twitter.com/cqSmGcz2E2
— Portal Estado do Pará Online (@Estadopaonline) December 16, 2025
O rompimento ocorreu em abril de 2020, quando Moro deixou o Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de pressioná-lo para trocar o comando da Polícia Federal com o objetivo de proteger familiares de investigações. À época, o então presidente negou a acusação, mas admitiu publicamente que desejava alterar a direção do órgão por motivos pessoais.
Elogios posteriores e revisão do discurso
Dois anos depois, em outubro de 2022, já fora do governo e em meio à campanha eleitoral, Bolsonaro elogiou publicamente Moro, chamando-o de “exemplo vivo” da Lava Jato e atribuindo à operação parte do que classificou como “ressurgimento do Brasil”. A declaração marcou uma inflexão no discurso do ex-presidente, que, após a saída de Moro, havia acusado o ex-ministro de traição e motivação política.
As falas reapresentadas agora por Moro retomam a versão de que deixou o governo por não aceitar atuar como escudo político do presidente, reafirmando que a exigência de blindagem de familiares e a interferência em órgãos de Estado inviabilizaram sua permanência no cargo.
Lava Jato e decisões judiciais
O debate ocorre em um contexto em que a atuação de Moro na Lava Jato foi amplamente revista pelo Supremo Tribunal Federal. Em 2021, o STF reconheceu a suspeição do então juiz nos processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontando parcialidade, atuação conjunta com a acusação e violação ao devido processo legal, o que levou à anulação das condenações.
Além das decisões do STF, Moro passou a responder a procedimentos e questionamentos judiciais relacionados à sua conduta funcional no período da Lava Jato, incluindo apurações no Conselho Nacional de Justiça sobre descumprimento de decisões e práticas processuais adotadas no âmbito da operação.













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