Brasil tenta acordo para incorporar PrEP injetável de longa duração ao SUS - Estado do Pará Online

Brasil tenta acordo para incorporar PrEP injetável de longa duração ao SUS

Governo busca parceria tecnológica para reduzir custos do lenacapavir, ainda sem registro no país

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Ministério da Saúde reafirmou a intenção de viabilizar no Brasil a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de longa duração contra o HIV, baseada no medicamento lenacapavir, aplicado semestralmente. A iniciativa foi anunciada pelo ministro Alexandre Padilha durante evento no Dia Mundial de Luta contra a Aids, em Brasília, e mira a transferência de tecnologia para produção nacional do fármaco, que ainda não possui registro sanitário no país.

A proposta surge diante do interesse da pasta em ampliar o acesso a novas estratégias preventivas. O lenacapavir, desenvolvido pela Gilead, inauguraria um novo modelo de prevenção, substituindo o uso diário de comprimidos por uma aplicação a cada seis meses. Estudos clínicos apontaram alta eficiência do medicamento, mas o preço pedido pela farmacêutica é considerado impraticável para programas públicos, o que tem impedido a negociação com países de renda média, como o Brasil.

Carla Almeida, representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids, defendeu que, caso não haja avanço nas tratativas comerciais, o governo considere o licenciamento compulsório e a quebra de patente. Países latino-americanos ficaram de fora da versão genérica do medicamento anunciada para nações de baixa renda, enquanto nos Estados Unidos o produto foi registrado com custo superior a 28 mil dólares anuais por pessoa.

Desde 2023, o número de usuários da PrEP oral no Brasil cresceu mais de 150%, alcançando 140 mil pessoas. Paralelamente, o país expandiu a testagem, distribuiu autotestes e reforçou o acesso a terapias antirretrovirais, aproximando-se das metas globais 95-95-95 e reduzindo óbitos por aids de pouco mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil em 2024.

Esses indicadores sustentam a expectativa do governo de obter, ainda em dezembro, o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde pela eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública, um marco já alcançado por Chile, Cuba e Canadá.

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