Companhias aéreas ao redor do mundo correram neste sábado (29) para corrigir um problema de software em aeronaves da família Airbus A320, após um recall emergencial que deixou aviões temporariamente no solo em diversos países da Ásia e da Europa. A medida, uma das mais amplas já adotadas pela fabricante francesa em 55 anos, ameaça ainda impactar o tráfego aéreo nos Estados Unidos justamente no período mais movimentado do ano, após o feriado de Ação de Graças.
O recall envolve 6 mil aeronaves, mais da metade de toda a frota global do modelo, que recentemente superou o Boeing 737 como o avião mais entregue da história. Desde a noite de sexta-feira (21), equipes de manutenção em 350 companhias aéreas trabalharam sem pausa para instalar a correção exigida por reguladores, evitando um cenário de caos nos aeroportos e reduzindo atrasos nas primeiras horas do sábado.
Segundo a Reuters, a Airbus agora orienta as operadoras que parte dos reparos é menos complexa do que se temia inicialmente. Uma parcela menor de aeronaves precisará de trocas de hardware, limitando custos e tempo de paralisação, enquanto a maioria poderá ser liberada após a simples atualização de software.
Ainda assim, executivos do setor alertam que a ação abrupta é incomum e potencialmente cara, especialmente em um momento em que hangares do mundo inteiro enfrentam escassez de mão de obra e dificuldades para obtenção de peças. O episódio reacende debates sobre pressão operacional, segurança e os desafios crescentes na cadeia global de manutenção aeronáutica.
A decisão da Airbus foi motivada por um incidente ocorrido em 30 de outubro. Na ocasião, o voo 1230 da JetBlue — que seguia de Cancún, no México, para Newark, em Nova Jersey — foi obrigado a fazer um pouso de emergência em Tampa, na Flórida. Passageiros relataram uma brusca perda de altitude e um problema repentino no controle da aeronave. Várias pessoas foram levadas ao hospital após o pouso, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.
Enquanto aeroportos dos EUA se preparam para um novo pico de demanda neste fim de semana prolongado, companhias aéreas monitoram de perto a evolução do recall. A expectativa é de que a maior parte da frota seja autorizada a voltar ao serviço sem grandes interrupções, mas o episódio lança um alerta importante para um setor cada vez mais dependente de sistemas digitais e atualizações contínuas de segurança.
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