O grupo indígena Suraras do Tapajós foi impedido de acessar, na tarde desta terça-feira, a Green Zone da COP30, mesmo tendo sido convidado pelo Ministério do Turismo para realizar uma apresentação cultural dentro do espaço oficial do evento. As artistas afirmam que seus instrumentos foram barrados no raio-X sob a justificativa de “risco de manifestação”.
O caso gerou indignação entre as integrantes do grupo e levantou novas discussões sobre racismo estrutural, controle de acesso e o espaço dado às culturas indígenas dentro de eventos internacionais que, em tese, deveriam priorizar a diversidade e o diálogo.
Ao chegar ao local, as artistas foram informadas de que não poderiam entrar com os instrumentos, entre eles maracas, curimbós, tambores e elementos tradicionais usados tanto na música quanto nos rituais.
“Hoje nós viemos para uma apresentação cultural no espaço da Green Zone pelo Ministério do Turismo e infelizmente fomos barradas ao chegar aqui. Não podemos passar com os nossos instrumentos musicais, que também são nossos instrumentos de luta para ecoar as nossas vozes.”, relatou uma das integrantes.
Elas afirmam que o impedimento tem caráter simbólico e reforça um padrão de silenciamento vivido pelos povos originários. “Mais uma vez os povos originários, nós, mulheres indígenas, estão querendo nos silenciar num espaço que é da sociedade civil.”, disse outra integrante.
Convidadas para levar música, arte e representatividade indígena à COP30, as Suraras relatam que foram surpreendidas pela barreira e que não houve qualquer abertura para diálogo ou interpretação cultural dos instrumentos. “Nós viemos aqui simplesmente para mostrar nossa arte, mostrar a nossa diversidade cultural enquanto povos indígenas. Infelizmente não podemos fazer isso aqui no espaço oficial da COP30.”
O episódio ocorre justamente em um evento global voltado à crise climática, tema no qual os povos indígenas têm papel central, tanto em preservação ambiental quanto em práticas sustentáveis ancestrais.
Para as Suraras, impedir que sua cultura ecoe na conferência é contraditório com o discurso de inclusão que a COP propõe.
Até o momento, o Ministério do Turismo e a organização da COP30 não se pronunciaram oficialmente sobre o caso.
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