Relatório global indica que limite climático pode estourar antes de 2030 - Estado do Pará Online

Relatório global indica que limite climático pode estourar antes de 2030

Cientistas apontam esgotamento acelerado do “orçamento de carbono”, enquanto emissões fósseis seguem em alta

Hermes Caruzo / COP30

A última revisão do Global Carbon Project reacende um alerta que vinha ganhando força entre pesquisadores: o planeta está prestes a ultrapassar o limite de segurança estabelecido pelo Acordo de Paris. A análise, construída por mais de 130 cientistas, projeta que as emissões de CO₂ de origem fóssil devem bater novo recorde em 2025, tornando praticamente inalcançável a meta de conter o aquecimento em 1,5°C.

Segundo o levantamento, o mundo deve lançar 38,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono no próximo ano. Essa descarga empurra a concentração atmosférica do gás para 425,7 ppm, patamar 52% acima do período pré-industrial.

O estudo calcula que restam apenas 170 bilhões de toneladas antes que o aquecimento global ultrapasse o teto firmado em Paris. A distância é tão curta que, no ritmo atual, o orçamento de carbono será consumido antes de 2030.

Com as emissões de CO₂ ainda aumentando, manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C já não é mais plausível”, afirmou Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute da Universidade de Exeter.
O orçamento de carbono restante para 1,5°C será esgotado antes de 2030, no ritmo atual de emissões. Estimamos que as mudanças climáticas reduzam os sumidouros combinados de terra e oceano – um sinal claro do planeta de que precisamos reduzir drasticamente as emissões”, completou.

Os cientistas destacam que 8% da alta de CO₂ na atmosfera desde 1960 se deve ao enfraquecimento dos sumidouros naturais, tanto terrestres quanto marinhos, ecossistemas essenciais para absorver parte dos gases emitidos.

A pressão vem de todos os lados: carvão (+0,8%), petróleo (+1%) e gás natural (+1,3%). A aviação internacional também acelera: +6,8%, superando o pré-pandemia. Já o transporte marítimo tende a permanecer estável.

No campo florestal, o relatório aponta que as emissões por desmatamento continuam próximas de 4 bilhões de toneladas por ano, enquanto ações de regeneração e reflorestamento compensam apenas metade desse volume.

O trabalho reforça que o aquecimento global, diante desse cenário, tende a se estabilizar em 1,7°C, caso haja esforço internacional imediato.

Balanço por países

A tendência de crescimento nas emissões deverá se repetir em parte das grandes economias. Estados Unidos (+1,9%) e União Europeia (+0,4%) devem reverter a queda registrada nos últimos anos.

A China caminha para um aumento de 0,4%, ritmo menor graças ao avanço das renováveis e à desaceleração do consumo energético. Na Índia, a alta prevista é de 1,4%, também abaixo das tendências anteriores por causa de monções antecipadas e maior oferta de energia limpa.

Entre as quedas previstas, destaca-se o Japão, com redução estimada de 2,2%. O conjunto dos demais países deve registrar alta de 1,1%.

Com informações da Agência Brasil

Leia Mais: