“Essa é a COP real”: barqueata em Belém pede protagonismo dos povos tradicionais na COP30 - Estado do Pará Online

“Essa é a COP real”: barqueata em Belém pede protagonismo dos povos tradicionais na COP30

Movimento nos rios da capital paraense reuniu ribeirinhos, quilombolas e comunidades das ilhas, em um chamado para que as decisões da conferência ouçam quem vive a crise climática todos os dias

Créditos: Elielson Almeida

Os rios de Belém ganharam cores, vozes e bandeiras na manhã desta quarta-feira (12), durante uma barqueata que pediu o protagonismo dos povos tradicionais na COP30. O ato simbólico reuniu ribeirinhos, quilombolas, indígenas e comunidades das ilhas, que vivem de perto os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia.

As embarcações partiram do píer da UFPA, no bairro do Guamá, em direção à orla da capital, levando mensagens de resistência e exigindo que as decisões da conferência considerem quem mais sente os impactos ambientais.

Entre os participantes estava a guia de turismo Raquel Ferreira, reconhecida por seu trabalho de turismo de base comunitária na região das ilhas de Belém. Para ela, o evento nas águas simboliza a verdadeira conferência climática, aquela que nasce dos territórios e não apenas das salas de reunião. “Não adianta a gente falar de uma conferência de clima sem ouvir quem tá sofrendo na pele os problemas climáticos. Ninguém mais do que quem vive nas águas, na floresta, nas aldeias, nos quilombos e nos territórios ribeirinhos”, afirmou.

Raquel criticou a distância entre as discussões formais da conferência e a realidade enfrentada por quem depende dos rios para viver.“A COP que tá lá no ar-condicionado, com autoridades reclamando de passagem e hospedagem, pra mim não é a COP real. A COP real é essa daqui, de quem literalmente precisa que as decisões tomadas lá impactem na vida dos povos que resistem todo dia”, destacou.

A guia também lembrou que o aumento do calor extremo, a escassez de pescado e a salinização das águas já são sinais visíveis da crise climática na Amazônia. Para ela, a barqueata é um gesto potente de reivindicação e de amor pelo território. “Essa imagem dos barcos, das comunidades nas águas, que são nossas ruas, nossos caminhos e nossa sobrevivência, é muito simbólica e precisa ser mostrada pro mundo inteiro”, afirmou.

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