Turismo regenerativo ganha destaque na COP30 como modelo de desenvolvimento sustentável - Estado do Pará Online

Turismo regenerativo ganha destaque na COP30 como modelo de desenvolvimento sustentável

Painel promovido pelo Ministério do Turismo debateu experiências que unem conservação ambiental, inclusão social e valorização de comunidades tradicionais.

Durante a tarde desta segunda-feira (11), o estande “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo (MTur), localizado na Green Zone da COP30, em Belém, foi palco do painel “Turismo Regenerativo: além da sustentabilidade nos oceanos”. O encontro reuniu especialistas e representantes de projetos nacionais para discutir um novo paradigma no setor: o turismo que não apenas preserva, mas que devolve à natureza e às comunidades locais o que delas se recebe.

A velejadora e escritora Heloisa Schurmann, que há mais de três décadas navega pelos mares do planeta, abriu o debate com um relato emocionante sobre os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas costeiros e nas populações ribeirinhas.

“O oceano é a nossa casa. Em 35 anos navegando, vimos a linha da maré subir, vimos comunidades inteiras perderem espaço e recursos. Criamos o projeto Voz dos Oceanos para alertar sobre o que está acontecendo e propor soluções”, afirmou.

Para Heloisa, o turismo regenerativo representa um passo além da sustentabilidade:

“É sobre regenerar a natureza e envolver o turista nesse processo — plantar corais, preservar florestas e ajudar comunidades locais a se reerguer.”

A proposta foi reforçada por Nátali Piccoli, do Programa Marinho e Costeiro da Conservation International (CI), que apresentou o caso do litoral sul da Bahia como exemplo de turismo regenerativo em prática.

“Empreendedores locais se uniram para transformar o modelo de turismo de massa que degradava o ecossistema e afastava moradores. Criaram uma governança local e desenvolveram o manual da Aliança Futura, com diretrizes de hospedagem, alimentação e visitação responsáveis”, explicou.

De acordo com Nátali, o impacto é também econômico: só em 2024, o turismo na região de Abrolhos movimentou cerca de R$ 10 milhões, envolvendo conservação ambiental, pesquisa e observação de baleias.

“Regenerar é valorizar as pessoas, suas histórias e o conhecimento compartilhado”, completou.

Representando o Pará, Allyson Neri, gerente da Diretoria de Produtos Turísticos da Setur, destacou as ações que o estado vem promovendo para unir sustentabilidade, inclusão e valorização das comunidades costeiras. Entre elas, o projeto piloto na Resex Marinha de Soure, no arquipélago do Marajó, onde foi construído um banheiro ecológico sustentável em parceria com moradores, utilizando materiais locais e técnicas de bioconstrução — iniciativa que foi finalista do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade.

“O turismo regenerativo não só recupera o ambiente, mas também transforma as pessoas. Ele envolve o visitante, convida à participação e valoriza o que é local”, afirmou Allyson.

O gestor destacou ainda a diversidade natural do Pará como um diferencial estratégico:

“Temos mais de 500 quilômetros de praias, muitas delas de rio, cortadas por manguezais. Nosso foco não é o turismo de massa, mas um modelo que respeite os limites da natureza e o modo de vida das comunidades.”

Encerrando o painel, Heloisa Schurmann reforçou a importância de agir coletivamente.

“Muitos dizem que já é tarde demais, mas o que vimos pelo mundo mostra o contrário: povos inteiros se mobilizando para regenerar a vida. O turismo pode ser o grande elo dessa transformação”, concluiu.

Leia também: