“Fala-se muito sobre o clima, mas nós, que mantemos a floresta de pé, seguimos fora do debate”, afirma liderança indígena durante a Cúpula dos Líderes - Estado do Pará Online

“Fala-se muito sobre o clima, mas nós, que mantemos a floresta de pé, seguimos fora do debate”, afirma liderança indígena durante a Cúpula dos Líderes

Povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos se unem em um pacto nacional pela justiça climática e pela defesa dos territórios

Créditos: Elielson Almeida

Enquanto as plenárias da Cúpula dos Líderes aconteciam a portas fechadas na Blue Zone, no Parque da Cidade, em Belém, comunidades tradicionais se reuniram ao redor do espaço que recebe cerca de 143 líderes mundiais para reivindicar poder de decisão na conferência.

Os manifestantes realizaram um ato simbólico em torno da tradicional samaumeira do Hangar Centro de Convenções. Com cânticos e rituais tradicionais, os indígenas aproveitaram o momento em que o mundo volta os olhos para a Amazônia para pedir mais protagonismo.

“São as comunidades que fazem esses rios correrem e que mantêm a floresta de pé. Nós estamos aqui, do lado de fora, junto com a samaumeira, porque ela também resiste em meio a tudo isso. E nós seguimos resistindo”, disse a liderança indígena jovem Walter Kumaruara, da região do Baixo Tapajós.

Os manifestantes fazem parte do coletivo Aliança dos Povos pelo Clima, uma nova força que retoma e atualiza o espírito da histórica Aliança dos Povos da Floresta — movimento que, nos anos 1980, uniu nomes como Chico Mendes, Raoni Metuktire e Ailton Krenak em defesa da Amazônia e da vida.

Agora, diante do avanço da crise climática, povos indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, pescadores artesanais, beiradeiros e juventudes urbanas voltam a somar vozes e lutas em um pacto nacional pela justiça climática, que reconhece na diversidade e na sabedoria dos territórios tradicionais o caminho essencial para enfrentar a emergência planetária.

“A Aliança representa muita gente, principalmente quem mora dentro desses territórios. É uma iniciativa de Chico Mendes, que foi assassinado. Ele conseguiu reunir os povos. E hoje, a juventude carrega esse legado de defender nossos territórios. Ninguém vai defender nossos territórios melhor do que nós”, afirmou Walter Kumaruara.

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