Adaptação climática deve ser prioridade na COP30, afirma presidente da conferência - Estado do Pará Online

Adaptação climática deve ser prioridade na COP30, afirma presidente da conferência

Embaixador André Corrêa do Lago defende foco em soluções práticas diante do avanço da crise climática; apenas 60 países entregaram suas metas de redução de emissões.

Foto: Marcelo Seabra / Ag. Pará

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), afirmou nesta segunda-feira (3), em São Paulo, que a adaptação climática deve ser a principal prioridade da cúpula que será realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro.

Durante o COP30 Business & Finance Fórum, promovido pela Bloomberg Philanthropies, o diplomata destacou que, diante da aceleração das mudanças climáticas, o mundo precisa ampliar as ações voltadas à adaptação, e não apenas à mitigação.

“A negociação de clima em geral é dividida em mitigação, que é a redução das emissões, e adaptação. Antes, havia o receio de que falar em adaptação seria desistir de mitigar. Não é o caso — e agora menos ainda. A população sente os impactos diretamente, então adaptação é uma prioridade absoluta dessa COP”, afirmou Corrêa do Lago.

O embaixador disse esperar que a conferência seja lembrada como “a COP da adaptação”, marcando uma virada na forma como o mundo encara a resposta aos efeitos do aquecimento global.

Apenas 60 países entregaram metas de mitigação

Faltando poucos dias para o início da COP30, pouco mais de 60 países apresentaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — compromissos oficiais de redução das emissões de gases de efeito estufa.

Corrêa do Lago explicou que o número abaixo do esperado reflete o esforço dos governos em definir metas realistas e verificáveis.

“Os países perceberam o quão complexo é fazer uma NDC boa. Agora querem apresentar metas que sejam críveis e factíveis, o que exige negociações internas para garantir sua viabilidade”, disse.

Fundo para florestas tropicais

O embaixador também comentou sobre o Fundo Tropical das Florestas (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa proposta pelo governo brasileiro que busca captar US$ 10 bilhões em recursos públicos internacionais até o fim da presidência do Brasil na COP.

O fundo pretende recompensar financeiramente países que preservam suas florestas tropicais, criando um mecanismo global de incentivo à conservação.

“Acho que é um sucesso imenso porque é um mecanismo muito inovador. Ele tenta resolver uma das questões mais difíceis da economia: dar valor às florestas em pé”, declarou Corrêa do Lago.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a proposta como “ambiciosa, mas possível”, reforçando que atingir a meta de US$ 10 bilhões em um ano seria “um grande feito”.

A COP30, que ocorrerá pela primeira vez na Amazônia, deve reunir líderes mundiais, cientistas e organizações civis em torno de um objetivo comum: fortalecer os compromissos globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

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