Concurso municipal de Canaã dos Carajás volta a provocar protestos e discussões - Estado do Pará Online

Concurso municipal de Canaã dos Carajás volta a provocar protestos e discussões

O item polêmico, subitem 15.2 do edital, afirma que “somente serão considerados aprovados os candidatos classificados dentro do número de vagas ofertadas”, e reforça que os demais serão eliminados.

Candidatos aprovados no concurso público da Prefeitura de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, protestam novamente contra uma cláusula considerada abusiva no Edital nº 01/2024, que limita a aprovação apenas aos classificados dentro das 556 vagas imediatas. A medida, apontada como forma de manter a atual política de contratações temporárias, exclui candidatos que alcançaram a nota mínima exigida.

O item polêmico, subitem 15.2 do edital, afirma que “somente serão considerados aprovados os candidatos classificados dentro do número de vagas ofertadas”, e reforça que os demais serão eliminados. A decisão impede a criação de um cadastro de reserva — prática comum em concursos públicos para futuras nomeações — e pode manter o quadro de contratos temporários, que já corresponde a mais de 60% dos vínculos municipais.

De acordo com dados da Prefeitura, em maio deste ano, o município possuía 5.150 vínculos empregatícios, dos quais 3.129 eram contratos temporários (60,7%). Na área da educação, o cenário é ainda mais crítico: dos 967 professores da rede municipal, 601 são temporários, enquanto o concurso oferece vagas que não chegam a 15% da necessidade da rede.

Durante o evento Cidade Junina 2025, mais de mil candidatos participaram de um ato público contra a chamada “cláusula de barreira”, pedindo a revogação do item 15.2 e a convocação de todos os aprovados com nota mínima.

“É uma politicagem muito grande. Pessoas estudaram por anos e, mesmo aprovadas, serão eliminadas por uma cláusula imoral. Isso é um cabide de emprego e vamos até o fim por justiça”, afirmou um representante da comissão de aprovados durante a manifestação.

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) instaurou um inquérito civil em 30 de junho para apurar supostas irregularidades no concurso, incluindo a ausência de cadastro de reserva, inconsistências no número de vagas e o uso excessivo de contratos temporários. O promotor Emerson Costa de Oliveira requisitou à Prefeitura um estudo detalhado sobre o número de vagas e a real necessidade de servidores, considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre admissões não concursadas.

Candidatos e juristas argumentam que a cláusula pode ferir princípios constitucionais, como legalidade e impessoalidade, ao impedir a nomeação de aprovados e abrir espaço para manutenção de contratos políticos.

Até o momento, a Prefeitura e a Câmara Municipal de Canaã dos Carajás não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. O portal Estado do Pará Online (EPOL) entrou em contato com a gestão e aguarda resposta.

Leia também: