PSM de Ananindeua é encontrado fechado após visita de equipe de reportagem - Estado do Pará Online

PSM de Ananindeua é encontrado fechado após visita de equipe de reportagem

Em visita ao Pronto Socorro de Ananindeua, a equipe de jornalismo encontrou a unidade de saúde fechada. Denúncias de populares, inclusive que lá buscavam atendimento, revelam uma realidade que o prefeito Daniel Santos (PSB) insiste em negar.

Pronto Socorro Municipal de Ananindeua
Pronto Socorro Municipal de Ananindeua. Foto: André Galvão/EPOL

O Pronto-Socorro Municipal de Ananindeua (PSMA), localizado na rodovia Mário Covas, completou um ano desde sua inauguração oficial, em 4 de julho de 2024, mas ainda não funciona como prometido pela Prefeitura.

Apesar de contar com 75 leitos, incluindo 10 UTIs, salas cirúrgicas e estrutura para atender mais de dois mil pacientes por mês, o hospital segue operando com serviços reduzidos e sem portas abertas ao público, conforme denúncias que a redação do EPOL recebe diariamente.

Relatórios apontam que, ao longo de um ano, a unidade realizou pouco mais de 1.600 atendimentos ambulatoriais e cerca de 900 internações hospitalares, o que representa uma média muito inferior à capacidade divulgada oficialmente.

Durante uma visita ao local realizada nesta segunda-feira, 4, por volta das 14h, constatou-se que o prédio estava com as portas fechadas e sem qualquer movimento de entrada ou saída de pacientes. Nenhuma equipe médica foi vista e não havia sinal de funcionamento. A situação contradiz o que tem sido divulgado nas redes sociais pelo prefeito Daniel Santos (PSB), que frequentemente afirma que o hospital está funcionando normalmente. Em outras visitas anteriores, inclusive de parlamentares, também foi verificado que apenas alguns pacientes estavam internados, enquanto a maioria dos leitos seguia vazia.

A morosidade na implantação efetiva do serviço tem gerado críticas da população e levantado questionamentos sobre o uso dos recursos públicos. O prédio, adquirido após a compra do antigo Hospital Camilo Salgado, custou cerca de R$ 14 milhões aos cofres públicos, mas enfrenta impasses desde então, inclusive com pendências judiciais que só foram resolvidas parcialmente em 2024. Ao todo, estima-se que mais de R$ 20 milhões já tenham sido investidos no projeto.

Um caso que ilustra o drama vivido pelos moradores é o do motociclista Alan Guerreiro, de 35 anos, morador de Ananindeua, que sofreu um acidente há cerca de três meses. Ao procurar atendimento no PSMA, encontrou a unidade fechada. Sem alternativa, precisou buscar atendimento em outro hospital da região metropolitana, em Belém. Após o acidente, ainda enfrenta dificuldades para realizar fisioterapia, serviço que também não conseguiu pela rede pública municipal. “É muito difícil quando a gente conta com um serviço que, na verdade, não existe. O hospital está ali, bonito por fora, mas não atende ninguém”, lamenta Alan.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2021 e 2025, Ananindeua recebeu mais de R$ 1,1 bilhão do SUS, sendo mais de R$ 600 milhões voltados para média e alta complexidade hospitalar. Apesar disso, o orçamento específico para o funcionamento do PSMA foi de apenas R$ 1,7 milhão em 2024 e R$ 3,5 milhões em 2025, valores considerados insuficientes para manter uma unidade desse porte funcionando plenamente.

Enquanto a Prefeitura continua promovendo a imagem de que o pronto-socorro está ativo e operante, moradores seguem relatando dificuldade de acesso a atendimentos básicos e emergência. O Ministério Público do Pará já realizou inspeções no local e apontou deficiências como a falta de psicólogos, fisioterapeutas e até problemas de acessibilidade, cobrando providências do município.

A equipe de reportagem do EPOL entrou em contato com assessoria de comunicação da prefeitura de Ananindeua sobre o funcionamento integral do PSM, mas até o momento não houve retorno.

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