Apesar das críticas, a 100 dias para a COP30, não há a possibilidade da Conferência acontecer fora de Belém - Estado do Pará Online

Apesar das críticas, a 100 dias para a COP30, não há a possibilidade da Conferência acontecer fora de Belém

Diplomatas internacionais pressionam contra preços abusivos para hospedagem e pedem mudança de local da COP30 em Belém. No entanto, organização reafirma sede e articula soluções diante de pressão, enquanto oposição a Lula e Helder torce contra.

Parque da Cidade, local onde será realizada a COP30 em Belém
Parque da Cidade, local onde será realizada a COP30 em Belém. Foto: Augusto Miranda/SECOM/Governo do Pará

Apesar da pressão de 25 países para que parte da COP30 seja transferida de Belém, o governo brasileiro reafirmou com firmeza: a Conferência do Clima da ONU será integralmente realizada na capital paraense. A resposta da Secretaria Extraordinária da COP30 à carta dos negociadores internacionais foi direta: “Não há a possibilidade da COP30 ou parte da Conferência acontecer fora de Belém”.

Após uma forte e persistente campanha com críticas negativas divulgadas por veículos de imprensa estrangeiros e do sudeste do Brasil, a movimentação diplomática recente revelou insatisfação de algumas delegações quanto aos altos preços das hospedagens, logística e segurança. Mas o evento — considerado um marco para a Amazônia e para a descentralização do debate climático — segue com sua programação mantida, e o Brasil tem até o dia 11 de agosto para apresentar as medidas que vêm sendo adotadas para contornar os desafios.

Entre as grandes obras realizadas que o legado da COP30 deixará, viadutos melhoram a mobilidade urbana na Região Metropolitana em Belém. Foto: Raphael Luz / Agência Pará.

Gigantes confirmados

Mesmo com o burburinho, as principais delegações mundiais já confirmaram presença. China, Índia e Reino Unido prometem desembarcar em Belém com cerca de 2 mil integrantes no total. O interesse da diplomacia internacional pela Amazônia, somado ao ineditismo da COP no coração da floresta tropical, mantém o fôlego do evento, que deve atrair cerca de 50 mil pessoas.

Soluções criativas para o gargalo da hospedagem

O Governo Federal, o Governo do Pará e a prefeitura de Belém estão em ritmo acelerado para garantir acomodações mais acessíveis. Em resposta à explosão nos preços de hotéis, uma força-tarefa já articula:

  • Airbnbs e aluguel de residências familiares com preços tabelados;
  • Navios cruzeiros que servirão como hospedagem flutuante;
  • Imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, temporariamente convertidos em alojamentos;
  • Escolas estaduais e municipais, que serão adaptadas para receber visitantes com conforto;
  • Lançamento de uma plataforma exclusiva de hospedagem, que prioriza países em desenvolvimento e propõe diárias de até US$ 200 a US$ 600, com cotas para delegações específicas.

Além disso, o governo realiza investigações internas sobre práticas abusivas do setor hoteleiro, buscando coibir a especulação que pode manchar a imagem do evento.

Críticas: política ou preocupação?

A carta assinada por países como Canadá, Noruega, Suíça e Áustria, embora traga recomendações pertinentes, também é vista por alguns como reflexo de um certo desconforto com o protagonismo amazônico. Parte dos bastidores diplomáticos indica que, mais do que preocupação com a logística, há um incômodo com o deslocamento do centro do debate climático da Europa para a América do Sul profunda.

E no Brasil, há quem torça contra, principalmente setores alinhados à oposição ao governo Lula e ao governador Helder Barbalho. Apostam no caos logístico como arma política, ignorando os avanços em infraestrutura, mobilidade urbana, saneamento e inclusão social que o evento está acelerando na capital paraense.

Um divisor de águas

A realização da COP30 em Belém representa muito mais do que uma conferência. É a chance de colocar a Amazônia no centro da política global de combate à crise climática. É também um marco de reparação histórica: nunca antes uma COP foi realizada em uma região que vive tão intensamente os efeitos das mudanças climáticas.

A pressão internacional existe, sim — mas está sendo enfrentada com respostas concretas. E, apesar dos desafios, Belém segue firme no caminho para receber o mundo com a força da floresta e o calor da resistência amazônica.

Como disse o presidente da COP30, André Corrêa do Lago:

“Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que eles estão provocando.”

A frase serve como recado ao mercado local, mas também como prova de que o evento está sendo tratado com seriedade e transparência.

“A COP30 será em Belém. E será histórica. Quem torcer contra, vai acabar vendo a Amazônia brilhar ainda mais”, declarou a professora de educação infantil, Marcilene Brandão.

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