Comunidades elegem lideranças para gestão participativa em novas reservas extrativistas no Pará

Associações 'Mães dos Quatro Municípios' fortalecem governança territorial nas Reservas Extrativistas 'Viriandeua' e 'Filhos do Mangue'

Entre os dias 23 e 25 de abril, comunidades tradicionais de Salinópolis, Quatipuru e Primavera realizaram assembleias populares para a escolha de representantes e a formalização de associações intermunicipais voltadas à gestão das Reservas Extrativistas (RESEX) criadas em 2024 no litoral paraense. O município de São João de Pirabas havia concluído o processo anteriormente, em 1º de março. As novas associações são vistas como um avanço na cogestão dos territórios, com apoio técnico da Rare Brasil e parceria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A mobilização resultou na eleição de lideranças comunitárias reconhecidas por sua atuação em defesa dos direitos territoriais e da justiça ambiental. Em Salinópolis, foram escolhidos Kleio Silva e Rose Marvão; em Primavera, Katiciene Silva e Rosileide Silva; e em Quatipuru, Núbia do Socorro. Em São João de Pirabas, Rosa Albuquerque já havia sido eleita para representar a comunidade na RESEX Viriandeua.

As Associações Mães dos Quatro Municípios surgem como instrumento de governança intermunicipal, articulando as comunidades em torno da conservação dos ecossistemas costeiros e da defesa dos territórios tradicionais. A estrutura busca integrar saberes locais, enfrentar ameaças como a especulação fundiária e a pesca predatória, além de fortalecer a participação popular nas decisões que impactam os territórios.

Com as lideranças eleitas, as associações entram agora na fase de consolidação institucional, que inclui a aprovação dos regimentos internos e a organização das coordenações. Entre as próximas ações estão previstas oficinas de formação em gestão territorial, intercâmbio de experiências e incidência junto a órgãos públicos para garantir a efetivação dos direitos das comunidades extrativistas.

O fortalecimento das novas estruturas participativas é visto como passo estratégico para assegurar a gestão sustentável das RESEX, a valorização dos modos de vida tradicionais e a defesa dos territórios frente aos desafios ambientais e sociais da região litorânea do Pará.

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