13% dos baleados na grande Belém foram atingidos em casa

O relatório do Instituto Fogo Cruzado também contabilizou quatro chacinas na região metropolitana de Belém no primeiro semestre de 2024.

Foto ilustrativa

Nos primeiros seis meses de 2024, a região metropolitana de Belém registrou 312 tiroteios e disparos de arma de fogo, resultando em uma média de 52 tiroteios por mês, conforme o relatório semestral do Instituto Fogo Cruzado divulgado nesta quinta-feira (18).

Entre os registros deste primeiro semestre, 128 ocorreram durante ações e operações policiais, representando 41% dos casos mapeados. No total, 323 pessoas foram baleadas, das quais 240 morreram e 83 ficaram feridas. Dentre essas vítimas, 137 foram atingidas em ações policiais, com 46% dos mortos e 33% dos feridos resultantes dessas operações.

A participação policial nos tiroteios e no número de mortos na Grande Belém é a maior entre as quatro regiões metropolitanas monitoradas pelo Fogo Cruzado. No Rio de Janeiro, 33% dos tiroteios e 44% dos mortos ocorreram em ações policiais, enquanto em Salvador esses números foram 38% e 36%, respectivamente. No Recife, apenas 4% dos tiroteios e 2% dos mortos foram relacionados a ações policiais.

O relatório também destaca que 13% das pessoas baleadas no primeiro semestre de 2024 foram atingidas dentro de suas próprias casas. No total, 41 pessoas foram baleadas em suas residências, resultando em 39 mortes e duas feridos. Em média, seis pessoas foram baleadas por mês dentro de casa na região metropolitana de Belém.

“O elevado número de baleados dentro de residências neste primeiro semestre é motivo de preocupação. Estamos acostumados a ver no próprio lar um local de proteção e segurança, então quando este número vem à tona de uma forma tão alarmante, percebemos que a violência armada no Pará, sobretudo na região metropolitana de Belém, tem se mostrado cada vez mais grave. Dados como os deste relatório semestral servem de insumos para que políticas públicas sejam pensadas para proteger a população com embasamento, seja nas ruas ou no próprio lar”, avaliou Eryck Batalha, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Pará.

O relatório também contabilizou quatro chacinas na região metropolitana de Belém no primeiro semestre de 2024, todas ocorrendo durante operações policiais, resultando na morte de 13 civis. Além disso, foram registrados 46 casos de ataques armados sobre rodas, conhecidos como “carro preto” ou “carro prata”, que resultaram em 56 pessoas baleadas, das quais 35 morreram e 21 ficaram feridas.

Perfil das Vítimas

Entre os agentes de segurança, 23 foram baleados no semestre: 13 morreram e 10 ficaram feridos. A maioria dos agentes baleados eram policiais militares, com 16 vítimas no total. Os incidentes envolveram também policiais penais, guardas municipais e um policial civil.

Vítimas por Faixa Etária

Uma criança foi baleada e sobreviveu, enquanto cinco adolescentes foram atingidos, resultando em quatro mortes e um ferido. Três idosos também foram baleados, com dois mortos e um ferido.

Distribuição da Violência Armada

Os municípios da região metropolitana de Belém apresentaram a seguinte distribuição de violência armada no primeiro semestre:

  • Belém: 157 tiroteios, 119 mortos e 48 feridos
  • Ananindeua: 59 tiroteios, 47 mortos e 10 feridos
  • Castanhal: 26 tiroteios, 19 mortos e 7 feridos
  • Marituba: 25 tiroteios, 24 mortos e 2 feridos
  • Barcarena: 21 tiroteios, 18 mortos e 2 feridos
  • Benevides: 12 tiroteios, 9 mortos e 10 feridos
  • Santa Izabel do Pará: 10 tiroteios, 3 mortos e 3 feridos
  • Santa Bárbara do Pará: 2 tiroteios, 1 morto e 1 ferido

Sobre o Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um instituto que utiliza tecnologia para produzir e divulgar dados abertos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. Com uma metodologia própria, o instituto monitora a violência armada nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belém, disponibilizando informações em tempo real através de um aplicativo de celular e uma API acessível gratuitamente.

Leia também: